Com a idade, perdemos um pouco de velocidade e de agilidade, mas menos em resistência. Fisiologicamente, sabemos que a capacidade e o débito respiratório diminuem: se armazenarmos menos oxigénio a respirar, caminhamos, forçadamente te, mais devagar.
Ao invés, trotando ou pedalando (até mesmo num aparelho caseiro) durante várias horas, podemos chegar bem longe. A prática de esforços breves e intensos revela–se mais difícil e daí ser cada vez maior a tentação de participar em longas distâncias.
Será esta a via a seguir pelos veteranos? Não pensemos assim. Existem alternativas. Pois, caso o coração esteja em bom estado (todo o problema reside aqui), as provas mais rápidas (como os 5 e os 10 km em estrada) são mais convenientes aos maiores de 40 anos que as intermináveis competições ditas “ultra“: sofre–se menos tempo, termina–se antes de se estar totalmente esgotado (diminuindo os riscos das fracturas de fadiga e da desmineralização, mais facilmente senti- das pelos mais velhos).
A experiência no terreno prova–nos que somos mais rápidos (ou menos lentos!) do que supunha- mos: e convém desde logo varrer as ideias de que a frequência cardíaca máxima diminui consideravelmente com a idade; tente treinar a resistência
(com mais velocidade) e constatará que vale mais do que alguma vez pensou.
As longas distâncias são–nos necessárias também, mas devemos reconhecer que elas exigem menos treino ao nível da técnica: pouco treino fraccionado rápido, por exemplo; mas mais coragem, é verdade, para chegar ao fim. Também não é evidente que certos “desafios”, “ultra–maratonas“, provas ditas “extremas” convenham aos maiores de 50 ou 60 anos, mesmo aos que têm boas bases de treino.
Chegámos a ver ciclistas ziguezagueando na estrada com sono; corredores treinando a 6 ou 7 km/hora, os olhos esbugalhados: a este nível, uma prova de endurance prova alguma coisa?
Uma pessoa de mais de 50 anos que possui muitos anos de prática de ciclismo, esqui de fundo, etc., atinge um nível de treino considerável. Ora a endurance adquirida em anos de treino não se perde em alguns dias nem mesmo em algumas semanas: pode–se mantê–la com uma sessão longa semanal, até mesmo a cada dez dias (2 a 3 horas em bicicleta, mais de hora e meia a pé), e trabalhar o resto do tempo em resistência (velocidade) mas também em força (musculação ligeira) e agilidade (estiramentos). Noutro número da re- vista falaremos do treino intervalado e das vantagens da marcha rápida para os maiores de 50 anos, o desporto mais simples, menos conhecido e muitas vezes desconsiderado.
Em vez de procurar aumentar a quilometragem a cada semana que passa, se estiver a sentir–se bem, será preferível aumentar o número de sessões de treino: mais curtas, com uma fase final mais ritmada.
Uma pessoa que começou a correr tarde, pelo contrário, deverá compensar o seu handicap privilegiando a resistência através de treinos longos e de pouca intensidade. Além da perda assegurada do peso excessivo, preparará progressivamente o seu sistema cardio–vascular ao mesmo tempo que a sua musculatura (membros inferiores em primeiro lugar) através de sessões antes do mais para “fatigar as pernas”, até ao momento em que quase não sentirá essa fadiga. E nunca se esqueça _____ que a endurance consiste em manter um ritmo tal que o situará entre 60 e 75 % de FC max (frequência cardíaca máxima).
Não tenha também vergonha de calçar um par de bicos para utilizar numa pista de tartan (também poderá fazê–lo sem bicos) para fazer duas vezes 1000 metros ao seu ritmo habitual sobre 10 km, com um intervalo de 7 a 8 minutos entre cada série. Se não tiver uma pista que possa utilizar, descubra um terreno plano com um quilómetro e faça esse exercício: não se esqueça de medir a distância certa com uma bicicleta ou um carro.
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