Em primeiro lugar, comecemos por definir o que é a resistência: “Resistência é a capacidade do organismo em resistir à fadiga numa actividade motora prolongada se considerarmos por fadiga, a diminuição transitória e reversível da capacidade de trabalho do atleta”
São vários os meios e métodos de treino utilizados para treinar a resistência. Estes métodos podem variar na duração e na intensidade do esforço, assim como na forma de organização do próprio treino, numa tentativa de adaptar o esforço realizado aos objectivos pretendidos.
Podemos dividir os métodos de treino da resistência em dois grandes grupos:
· Métodos Contínuos (uniformes e variados), que se caracterizam por exercícios de longa duração e sem interrupção.
· Métodos por intervalos, que se caracterizam por exercícios onde o organismo é submetido a períodos curtos, regulares e repetidos de trabalho, com períodos de repouso adequados.
O Método por Intervalos pode ser dividido em Método Intervalado (pausas incompletas) e Método de Repetições (pausas completas).
Os Métodos de Treino mais utilizados são os seguintes:
- Método Contínuo Uniforme ou Corrida Continua.
- Método Continuo Variado ou “Fartlek”.
- Método Intervalado (Intensivo ou Extensivo).
- Método de Repetições.
Método contínuo uniforme ou corrida contínua
Definição: Normalmente são esforços de média e longa duração com uma intensidade (velocidade) baixa ou media, mas constante.
Objectivo: Este método de treino tem como principal objectivo o desenvolvimento da capacidade aeróbia, embora com algumas adaptações (redução da duração e aumento da intensidade) também possa ser utilizado para o desenvolvimento da potência aeróbia.
Variáveis: As variáveis que se podem introduzir neste método de treino dizem essencialmente respeito à sua duração (longa, média ou curta) e a sua intensidade (baixa, média ou alta). Outra variável tem a ver com o local de treino (estrada, relva, corta-mato, praia, montanha), que deve ser escolhido em função dos objectivos do treino, período da época e características do atleta.
Método Contínuo Variado ou “Fartlek”
Definição: Normalmente são esforços de média e longa duração com variações de intensidade determinadas por três diferentes factores:
- Factores Externos (perfil do terreno).
- Factores Internos (vontade do atleta).
- Factores planeados (decisões da programação).
Objectivos: Devido a grande variedade de situações permitidas por este tipo de treino, podemos dizer que tem uma grande abrangência no que respeita as fontes energéticas mais solicitadas.
Contudo, podemos dizer que este treino é principalmente utilizado para o desenvolvimento da potência aeróbia, embora possa também ser utilizado para o desenvolvimento da capacidade aeróbia (maior duração e menor intensidade do esforço) ou no pólo oposto, para o desenvolvimento da capacidade láctica (menor duração e maior intensidade do esforço).
É possível dizer que os principais objectivos deste método de treino da resistência são permitir uma adaptação à variação da solicitação metabólica, uma compensação da lactatemia durante as fases de carga de intensidade baixa e média e uma percepção e aprendizagem de ritmos diversos com variação frequente.
Variáveis: Também neste método de treino as principais variáveis são a duração e a intensidade do esforço, que normalmente pode variar entre os 15 a 60 minutos. Contudo, neste caso há outras variáveis muito importantes:
– Local do Treino: Se as variações de intensidade forem determinadas por factores externos como o perfil do terreno, então o local do treino passa a ser uma variável fundamental neste método de treino. Por exemplo é possível num treino de praia variar a corrida em areia molhada (ritmos mais rápidos) e areia seca (ritmos obrigatoriamente mais lentos). Outro exemplo é o treino em corta-mato em que as subidas e descidas provocam de uma forma natural constantes alterações dos ritmos.
– Vontade do Atleta: Se as variações de intensidade forem determinadas por factores internos como a vontade do atleta, então as características do atleta, o seu momento de forma e a sua disposição para o treino passam a ser variáveis fundamentais. Neste caso de “Fartlek não orientado” o atleta vai fazendo alterações ao seu ritmo de corrida de acordo com a sua própria vontade.
– Factores Planeados: Se as variações de intensidade forem determinadas por decisões da programação do treinador, então a construção do treino (número de alterações de ritmo, duração de cada alteração, intensidade de cada alteração, tempo de recuperação nos ritmos menos intensos, etc.), passa a ser uma variável fundamental, que neste caso está relacionada com o objectivo do treino e com a fonte energética que pretende solicitar.
Este método tem um papel muito importante no planeamento anual do treino, pois permite fazer a transição entre um treino inicial à base de corrida contínua e um treino em que já se começa a utilizar o método intervalado.
Deve pois incluir-se após seis a oito semanas depois do inicio da época e ir mais tarde substituindo este método, de forma progressiva, pelo método intervalado. Também após lesões que provoquem paragens prolongadas, é bom começar o treino anaeróbio, primeiro através de “fartleks”.
Método intervalado (ou séries)
Método das Repetições
A grande diferença entre o método intervalado e o método das repetições está na duração do tempo de recuperação, pois enquanto a recuperação do treino intervalado não permite a recuperação completa, o mesmo já não acontece com o método das repetições.
Esta característica faz com que este método seja utilizado fundamentalmente para treinos de grande intensidade e principalmente treinos de potência e de ritmo competitivo. Com o aumento do intervalo e também da intensidade, diminui o número de repetições.
Bibligrafia: Revista Atletismo