É sabido que o desempenho desportivo está destinado a se deteriorar com o tempo. Não é por acaso que falamos de “performance máxima”, ou seja, a fase em que a pessoa se expressa ao máximo. É uma fase que geralmente nunca pode ocorrer além de uma certa idade e, exceto em casos muito raros, nunca após os 40 anos.

E depois há os casos excepcionais, como o de Jeannie Rice que, aos 75 anos, correu a última Maratona de Boston. E, até agora, nada realmente excepcional: afinal, há outros corredores da sua idade ou até mais velhos que já correram.

O que é ótimo em Rice é que os seus tempos estão sempre  a melhorar. Como esta edição da Boston – que, recordemos, não é propriamente uma caminhada como uma maratona, como se a maratona já não fosse extremamente cansativa – correu em 3:33. E se  pensar por um momento, 3:33 é um tempo muito rápido para muitas pessoas, mesmo muito mais jovens do que ela.

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Jeannie Rice é coreana , mas agora cidadã americana e residente em Ohio. Ela foi corretora de imóveis a vida toda e começou a correr aos 35 anos, quando sentiu que estava um pouco fora de forma. Ele correu a sua primeira maratona em 1983: foi a de Cleveland e completou em 3:45.

Depois de seis meses, ele já havia colocado a sua qualificação para Boston no banco: 3:16 na Maratona de Columbus.

Desde então já correu as maiores maratonas do mundo, com resultados que não diminuíram com o passar dos anos. Em 2018, aos 70 anos, correu a Maratona de Chicago em 3:27:50 e no ano seguinte em Berlim baixou o seu PB em uns bons 3 minutos: 3:24:38.

E já ouvimos você dizer “Eh, mas se em Boston este ano ele fez 3:33 os tempos estão piorando” e  estaria certo em termos matemáticos, mas não considere que desde então ele tem mais 5 anos, acumulados no declínio do desempenho físico, não em consolidação, antes dos 40-45 anos.

Quatro vezes ao redor da Terra

Quando não está se preparando para algumas maratonas, Rice corre 50 milhas por semana (80 km) e depois acumula para as corridas: 70 milhas (112). Somando toda essa estrada e todos os anos que ela percorreu, Jeannie fez uma conta: correndo mais de 2.500 milhas por ano e fazendo isso há 40 anos, ela já deu 3 voltas ao redor da terra e está muito à frente em termos do último quarto da quarta rodada. E desculpe a repetição, também estamos tontos.

A essa altura  vai querer saber o segredo dela, certo? Bem, não há: ela fala muito simplesmente sobre a sua dieta e treino típico, considerando-se muito sortuda por nunca  ter lesões.

Tem uma alimentação à base de arroz, peixe e legumes, não come carne porque não gosta e não gosta particularmente de doces, pelo que passa sem esforço.

Mas talvez tenha um segredo, e confessa-o quase inconscientemente: nunca pensa na sua idade e corre quase sempre com homens mais novos com quem só fala de corrida, técnicas de treino e alimentação.

E essa capacidade de dar peso apenas às coisas importantes sempre valeu a pena, como a passagem em Berlim, em 2019, quando superou em dois minutos o melhor tempo da categoria. No entanto, batendo em homens, não em mulheres.

(Fonte: Abbott World Marathon Majors )