Todos conhecemos a sensação de aperto no peito e falta de ar após um intervalado puxado. Para alguns corredores, no entanto, esses sintomas começam a surgir muito depois do treino e até mesmo nas rodagens mais fáceis de recuperação.Quando isso acontece, alguns médicos são rápidos em diagnosticar asma e prescrever inaladores e bombinhas. Como a doença vem geralmente acompanhada por alguma alergia, é comum também medicamentos e descansos (efetuar) parte da prescrição. Contudo, para alguns corredores, os sintomas não desaparecem. O que pode gerar muita frustração.
E se, na verdade o problema for algo completamente diferente? Pode estar com movimento paradoxal de pregas vocais (MPPV). Ou disfunção de pregas vocais (DPV), como também é conhecido. Veja como saber se sua falta de ar durante a corrida é MPPV e o que fazer.
O que é a disfunção de pregas vocais?
O DPV ocorre porque em vez de as cordas vocais se abrirem livremente durante a inalação, elas permanecem apertadas ou fechadas. É por isso que os corredores com o problema costumam chiar ao inspirar — ao contrário da asma, quando o chiado é frequentemente ouvido na expiração. Visto que o padrão natural de abertura e fechamento das cordas vocais se torna descoordenado, dificuldades no treino podem aparecer.
Embora a incidência de DPV na população continue a ser difícil de estimar (devido às dificuldades no diagnóstico), acredita-se que pelo menos 5% dos atletas de resistência experimentem a disfunção. E uma percentagem ainda maior de amadores sofra com ela.
Mulheres e pessoas com QIs altos parecem ser mais suscetíveis que a população em geral. No público, um estudo de Copenhague descobriu o problema em 7,5% dos participantes selecionados aleatoriamente.
Por que ela ocorre?
Atletas de endurance podem ter DPV por o exercício ser um gatilho para o surgimento dos sintomas. E a atividade prolongada estimula a má respiração. Quando os corredores não param e não permitem que as cordas vocais retomem o padrão normal da respiração, o DPV continuará até o fim do treino. Ao contrário de outros desportos, a corrida não permite que o corpo se recomponha. De modo que os efeitos da DPV podem ser piores para os corredores.
Além disso, o estresse físico e emocional pode exacerbar o distúrbio. Quando está a passar por um período prolongado de estresse, a maioria dos seus músculos fica mais tensa. Isso inclui os que envolvem o pescoço e os que rodeiam as cordas. Isso fará com que elas fiquem mais apertadas ou fechadas.
Outras causas são mudanças no clima (especialmente para o frio), alergias sazonais, asma e refluxo. Se o pescoço e os músculos próximos permanecerem tensos por muito tempo, a falta de ar vira uma constante nos seus treinos.
Como foi descoberta?
Observou-se que esse distúrbio ocorre com mais frequência em corredores que estão a evoluir. Seja lutando por uma bolsa de estudos, ingressando em alguma equipa mais profissional ou começando a dar um grande salto no desempenho. Quer eles sintam ou não, carregar uma pressão adicional pode resultar em tensão física e mudanças no corpo.
Como a DPV muitas vezes passa desapercebida, muita gente continua com ela e exacerba o problema. E aí, quando a falta de ar aparece, é comum surgir um sentimento de desespero, e a respiração fica ainda mais curta e superficial.
Todos esses fatores podem contribuir para um ciclo negativo na corrida e estresse emocional. Visto que um padrão é estabelecido, você pode trabalhar em alguns hábitos para amenizar a questão.
Como aliviar a falta de ar
O melhor tratamento para a DPV atualmente envolve uma abordagem multidisciplinar. Você pode procurar o diagnóstico com um fonoaudiólogo que tenha experiência no tópico, ou um médico otorrinolaringologista de ouvido, nariz e garganta. Ou até um psicólogo e outros especialistas da área.
Seja aberto e honesto sobre os seus sintomas. Muitas vezes, vale fazer anotações e compartilhar o que você sente.
Após o diagnóstico, conhecer melhor o seu sistema respiratório pode ser o primeiro passo no tratamento. Procure fazer a respiração diafragmática (ou “abdominal”) o quanto antes no lugar da respiração alta ou torácica. Isso será importante. Além disso, será preciso relaxar mais e treinar as cordas vocais. Isso inclui uma terapia de controle da laringe e massagem na garganta focada na manipulação do pomo de adão.
Adeus, falta de ar!
Como a DPV é considerada um distúrbio sensório-motor, aumentar a sua consciência corporal ajuda muito. Muitos atletas falam que imaginam as suas pregas vocais se movimentando durante a respiração.
Para fazer isso, comece a praticar a respiração diafragmática durante um estado de repouso enquanto visualiza as pregas vocais se abrindo. Quando isso se tornar mais natural, tente enquanto caminha, depois faça um trote lento e assim por diante até poder usar essas técnicas durante todas as suas corridas.
Os tratamentos atuais que ganham popularidade envolvem pequenas câmaras colocadas na garganta que mostram as pregas vocais do atleta abrindo e fechando durante o exercício para obter o retorno visual. Eventualmente, o atleta sente a diferença sem precisar usar a câmera.
Praticar técnicas de respiração, relaxamento e aquecimento diariamente e estar disposto a desacelerar e fazer pausas, conforme necessário, pode diminuir a duração do distúrbio. Cerca de 80% dos atletas tratados não precisaram mais usar medicamentos para asma após passar por esses tratamentos.
Se o estresse mental parece ser o principal culpado pelo aparecimento dos sintomas, procurar um psicólogo desportivo é essencial para quebrar o ciclo. Sem descobrir e tratar os gatilhos mentais que você tem, os sintomas arriscam aparecer novamente num momento de estresse semelhante.
Por fim, lembre-se de que você não está sozinho. Muitos atletas de alto nível lidaram e receberam ajuda contra a DPV. Com um padrão de respiração mais eficiente, você pode sair do tratamento com mais rapidez e suavidade do que nunca!
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