Correr e correr a ouvir música são despertos diferentes? Vez ou outra o tema aparece nos bate-papos entre companheiros de treino, nas conversas com os treinadores e nos debates de especialistas, afinal, correr com música ajuda ou prejudica?
O que acontece é que a música na corrida, para algumas pessoas, acaba a interferir no ritmo e na respiração, e se a pessoa não tem controle sobre isso pode acabar a apertar mais o ritmo, e essa oscilação não é legal.
Entretanto, existem que há estudos recentes que mostram que correr com música pode interferir positivamente no desempenho desportivo.
Para um corredor amador é um momento de tanto prazer, de curtição, que ele pode fazer uma associação bacana com a música.
Uma ótima dica para os que começam no desporto e para os que ainda não se atentaram para a dinâmica da corrida com música.
“O que eu digo aos meus alunos é que se eles querem ouvir música no dia de uma prova precisam aprender a fazer isso antes nos treinos, com a realização de treinos mais intensos com música.
Não faça na prova se não testou nos treinos. Mas, geralmente, peço para que os meus alunos não escutem música, para que nós possamos corrigir movimentos e técnicas.
O colunista e preparador físico Felipe Romano, pondera que corredores mais experientes não gostam muito de correr a ouvir música, pois, preferem, por exemplo, escutar a respiração para terem parâmetro para saber se a corrida está ou não sendo eficiente.
“Mais ou menos com os atletas fazem, geralmente eles não correm a ouvir música e também não gostam de correr a carregar algo, preferem se sentir mais leves”, complementa Felipe que, no entanto, gosta de música, principalmente nos treinos longos.
“Eu particularmente gosto, penso que ajuda sair um pouco da rotina de treino sozinho.
Para aqueles que querem começar no desporto é uma maneira boa para ajudar na hora de treinar, pois, a música também traz motivação, ajudando a concluir o treino proposto.
Esse tipo de acessório entre os corredores vem crescendo muito e o iniciante pode usá-lo a seu favor”, acrescenta Felipe.
O treinador Miguel Sarkis, autor do livro “A Construção do Corredor”, e com coluna todas as quintas no ativo, coloca luz à dualidade que existe na questão.
“A música pode ser tornar aliada ou carrasca, dependendo somente do local onde se utiliza e a fase que se encontra o corredor”.
“Se o corredor é iniciante, não tem preocupação com a forma física, poderá utilizar músicas mais suaves e curtir um passeio no parque.
Já a música mais intensa, nos dias de treinos mais rápidos, de ritmos, poderá acelerar as passadas e contribuir para conquistar melhores resultados.
Em provas, é uma caixa de surpresas, porém, o que pude notar em vários eventos no mundo, a música, em determinados trechos das provas, nos permite acelerar ainda mais, mesmo em maratonas”, diz Miguel.
“Ficamos felizes se as músicas nos trazem lembranças boas e não devemos correr a ouvir qualquer uma, devemos escolher uma seleção que nos satisfaça para cada momento dos treinos e ou provas”, acrescenta Miguel.
Contudo, Miguel diz que não se pode esquecer da segurança, e lembra o acidente no qual se envolveu o músico Marcelo Fromer, atropelado por uma moto em alta velocidade e morto enquanto corrida na rua, ouvindo música.
“Há empresas de seguro saúde que não querem arcar com eventuais problemas em provas caso os corredores estejam a utilizar aparelhos sonoros individuais”, acrescenta.
Sobre a questão da segurança, o diretor Técnico da O diretor Técnico da A. Giglioli Assessoria Esportiva, Alexandre Giglioli, também colunista de triathlon no ativo.com, lembra que, normalmente, as pessoas colocam o volume no último, ficando alheias do que acontece ao seu redor.
“Em todos os treinos devemos estar sempre alertas, seja com o trânsito, outros corredores, outras bicicletas, etc.
Aconselho todos os meus atletas que se não conseguirem deixar de usar, coloquem um só fone e num volume mais baixo”, reforça Alexandre.
Alexandre brinca que é do tempo que o único aparelho que existia era o velho walkman, grande e desfavorável para se levar em algum treino de corrida ou ciclismo.
“Após a invenção dos IPods isso se tornou mais fácil e um sucesso, um vício. Atletas não conseguem treinar sem eles. E como fica o lado social da coisa, as conversas, etc.?
Estamos a viver atualmente cada vez mais numa sociedade individualista, acabando por refletir nos treinos”, opina.
“Acho que de uma maneira ou outra a música acaba a ajudar no desempenho, pois, pode colocar aquele som que te estimula, ou mesmo um que coordene as suas passadas.. um DOPING??
Por isso a proibição em inúmeras provas”, complementa Alexandre.
Como muitas outras coisas, aquilo que em doses certas pode ajudar, em doses e momentos errados pode prejudicar.
Há os que adoram correr a ouvir 11 música, outros que preferem a contemplação e não suportam os fones “batendo” no ouvido.